sábado, 18 de abril de 2015

Haikus

Que frio de rachar!
Eu sei que não vai parar…
O Sol vi cair.




O meu vizinho do lado,
 É um histérico total.
Mas baixa o volume
Quando canta o hino Nacional

O texto em versos

As palavras surgem,

As frases aparecem,

Então os textos cedem,

E os livros ficam

Na minha imaginação,

Surge uma mão,

Que pega então,

Numa caneta de cor açafrão,

E aparece uma menina

Que fechando na cave o cão,

Escreve no livro com o coração,

Mas então interrompe-a um abanão:

O seu sobrinho Baltazar.

Mas esta decide continuar

Deixando o pobre Baltazar

Sozinho na sala de estar

Enquanto está ocupado a chorar

O universo sobre mim

-Duendes verdes e com orelhas pontiagudas;

-Dragões amarelos esvoaçando e aterrorizando;

-Gnomos laranjas mostrando as suas faces rosadas;

-Magos verdes evoluindo o seu conhecimento;

-Elfos azuis rabugentos e idosos;

-Bruxas roxas com os seus caldeirões;


-Fadas rosadas alegrando toda a gente que por ali passava.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

A Praia

Não tenho um lugar preferido, mas, apesar disso, gosto de ir à praia, embora diga que não aprecie.
Sentir o sol bater na cara, a areia a cobrir o nosso corpo, o protetor solar que a minha mãe me obriga a pôr, a água fria que às vezes nos faz arrepiar…

Construo castelos de areia e esta por vezes vai para os olhos, picando.
Avistamos pessoas a fazer surf e crianças assustadas, observando as ondas, e soltando pequenos gritos.

Os biquínis, fatos de banho e calções são o que utilizamos, sendo às flores ou às riscas.

Os adultos, deitados na toalha sem padrão, ouvindo os seus filhos protestar, ordenando para irem nadar. Minutos mais tarde, quando os pais se preparam para ir “ao banho”, observam as crianças a brincar com os seus amigos mais próximos.


O céu azul sem brisa absolutamente nenhuma enche a Terra e o Sol iluminando-a juntamente aos seus habitantes. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A flor



A flor que hoje vi é indescritível.
Era de um azul inimaginável, que nenhum ser humano até hoje conseguiu ver.
Toquei nas pétalas. Logo soube que esta flor era diferente, pelo seu tato que era tão suave, mas não daqueles que se cola aos dedos.

Nem pelas montras das floristas vi flor igual. Procurei por todos os cantos de Portugal.

Gastei uma quantidade incontável de moedas para procurar flor da mesma espécie. Pensei ir ao Açores e à Madeira. Mas não…

Fiz então uma coisa inaceitável, até mesmo para mim: arranquei a flor do solo.
Ao fazê-lo, uma coisa molhada escorreu-me pela cara. Não era chuva, eram lágrimas. Não de tristeza, não de pena. Eram de raiva do meu ato. E logo vieram outras acompanhá-la, para não se sentir tão sozinha.

Ouvi umas palavras: “Se uma lágrima cair, transforma-te numa delas para sentir a sensação”.

De repente, as minhas lágrimas caíram. Lembrei-me das palavras e fechei os olhos, tentando sentir a sensação. Imaginei um mar de lágrimas e enquanto nadava, chorava mais, criando um oceano.

Por segundos, esqueci-me por que chorava. A mesma voz relembrou-me: “É pela flor”.


Acordei. Fui à cozinha beber um chá de tília e reparei. Ali estava a flor indescritível, num vaso, num sono profundo.

A despedida



Todos estavam entusiasmados com a festa exceto a minha mãe. Sim porque a minha mãe é que tinha proposto esta festa de despedida.

No dia seguinte e, a partir de então, iria estudar para Hollywood, e, provavelmente, nunca mais voltaria.

Notei a sua tristeza e fui-lhe buscar um batido de morango, o seu preferido.

- Obrigada – sussurrou, de modo a que eu nem ouvisse.
- De nada. Estou ansiosa por lá chegar! – Disse excitada. – Obrigada por me deixares ir.

A minha mãe não respondeu. As lágrimas impediam-na de falar. O meu pai aproximou-se e sussurrou-me:

- Vai divertir-te que eu distraio a tua mãe.

Assim fiz. Afastei-me lentamente, à espera que ela dissesse alguma coisa. O meu pai envolveu-a nos braços e ela sorriu. Aí fiquei mais descansada.

A partir de então começaram a falar animadamente. Eu desejei ardentemente que ela ficasse assim, feliz, para o resto da festa.

E, por curioso que fosse, o meu desejo concretizou-se. Chegou mesmo a dançar.
Mas, apesar de tudo, não pude evitar distrair-me um pouco.

A festa acabou.


Ajudei a minha mãe a limpar a sala. De repente abraçou-me, e eu desejei que aquele momento não terminasse.

A Professora



- Já viste a nova Professora?
Acho que deverá ser demasiado exigente para acolher assim os alunos.

Os alunos entram na sala e o que sentem é ansiedade e medo.
A Professora tinha cabelo curto e encaracolado. Tinha rugas carregadas na face.


No fim sobrou um sorriso.