domingo, 1 de fevereiro de 2015

A flor



A flor que hoje vi é indescritível.
Era de um azul inimaginável, que nenhum ser humano até hoje conseguiu ver.
Toquei nas pétalas. Logo soube que esta flor era diferente, pelo seu tato que era tão suave, mas não daqueles que se cola aos dedos.

Nem pelas montras das floristas vi flor igual. Procurei por todos os cantos de Portugal.

Gastei uma quantidade incontável de moedas para procurar flor da mesma espécie. Pensei ir ao Açores e à Madeira. Mas não…

Fiz então uma coisa inaceitável, até mesmo para mim: arranquei a flor do solo.
Ao fazê-lo, uma coisa molhada escorreu-me pela cara. Não era chuva, eram lágrimas. Não de tristeza, não de pena. Eram de raiva do meu ato. E logo vieram outras acompanhá-la, para não se sentir tão sozinha.

Ouvi umas palavras: “Se uma lágrima cair, transforma-te numa delas para sentir a sensação”.

De repente, as minhas lágrimas caíram. Lembrei-me das palavras e fechei os olhos, tentando sentir a sensação. Imaginei um mar de lágrimas e enquanto nadava, chorava mais, criando um oceano.

Por segundos, esqueci-me por que chorava. A mesma voz relembrou-me: “É pela flor”.


Acordei. Fui à cozinha beber um chá de tília e reparei. Ali estava a flor indescritível, num vaso, num sono profundo.

4 comentários:

  1. Fantástica imaginação!

    Parabéns

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  2. Fantástico meu anjo.
    Este texto escreveste para a titi Ana, no aniversário dela, parece-me. Um estrondo de criatividade e sensibilidade. Adoro-te e tenho o maior orgulho em ti!

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  3. Linda neta, sensível e criativa.
    Não pares de escrever: faz - te bem a ti, e a nós também.

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